A história da costureira Sira Quiroga
Obra máxima de Maria Dueñas, O Tempo Entre Costuras é um primor literário. Tanto pela narrativa envolvente, que mostra o avançar da história em blocos; pela forte protagonista e pelos demais personagens que acompanhamos no decorrer do livro.
Na história, somos apresentados à Sira Quiroga, uma garota pobre, criada somente pela mãe.
Começa com Sira, ainda criança, que precisa ajudar a mãe solteira, Dolores, em um ateliê — da dona Manuela — de costura. A costura, por sinal, tem papel fundamental na vida da jovem (e na história) e é o que leva Sira a se tornar a mulher que será no futuro.
Alguns anos se passam e estamos diante do inicio da Guerra Civil Espanhola, em meados da década de 30. Sira e a mãe continuam a trabalhar no ateliê sem grandes ambições.
Sira ainda é uma jovem humilde sem conhecimento do mundo, com uma visão simples: casar-se com um bom homem e viver uma vida tranquila. E é isso o que (quase) acontece.
A costureira conhece o bondoso Ignacio. O relacionamento dos dois evolui rapidamente, até que decidem se casar.
Porém, após ser demitida do ateliê, Sira, devido à insistência de Ignacio, decide estudar para se tornar uma funcionária pública (igual a ele).
Após ir, junto com o Ignacio, a uma loja que vende máquinas de escrever, Sira se depara com Ramiro Arribas, gerente do lugar. A jovem fica hipnotizada com o homem, que a faz, posteriormente, deixar Ignacio para ficar com ele.
o Marrocos
A iminente Guerra está prestes a estourar na Espanha e, junto ao fato de ter descoberto quem era o seu pai, mais uma herança dada por ele, Sira é convencida, por Ramiro, a ir embora com ele para o Marrocos, para abrir uma filial de uma empresa que oferece um curso para aprender a utilizar máquinas de escrever.
Apaixonada por Ramiro, Sira aceita a ideia. Porém, Dolores não concorda com o que a filha irá fazer e, por isso, decide ficar na Espanha. E é aí que a vida de Sira muda de uma maneira absoluta.
Pararei por aqui. Caso queiram saber mais sobre a história, leiam o livro ou vão em outro site!
O que posso dizer de O Tempo Entre Costuras? Que é uma magnificência? Uma exuberância literária? Obra-prima? Na verdade, todos esses aspectos fazem sentido ao que é esse livro.
Comecei a ler O Tempo Entre Costuras, após terminar A Casa das Orquídeas, e, em um primeiro momento, nas primeiras páginas, especificamente, achei a escrita dura, seca. Eu ainda estava embebecido pela bela história escrita por Lucinda Riley que, com toda a sua delicadeza, soube trazer uma escrita agradável e profunda em sua linda obra. Por isso, iniciei o mundo criado por Dueñas com um pé atrás. Felizmente, isso logo foi embora.
E o que veio a seguir foi uma das melhores obras que já li.
A precisão com que Dueñas escreve é certeira. De uma maneira direta, a autora constrói a narrativa com eficácia, sem descambar para digressões infinitas. Outro ponto importante é como fui surpreendido pelas decisões dela. Parece que eu iria por um caminho previsível, talvez, até que era alçado para uma direção invisível. Algumas pareceram um pouco fantástica demais — inclusive o que Sira se torna no final —, mas nada que fugisse para um ponto inalcançável.
E dentre as características que mais me atraiu, foi a autora não ter problemas em deixar para trás personagens relevantes em determinados arcos. Eles desempenham funções importantes nos momentos exigidos, mas quando já não fazem mais “sentido”, desaparecem da história sem deixar vestígios. Com exceção de Ignacio que, ao retornar, traz um pouco de pesar à Sira.
Leiam Maria Dueñas
Esse livro é tão bom, tão bem escrito, com uma história incrível, que merece ser lido. A maneira que avança; cada página virada, o afunilamento que se torna esse mundo difícil. Tudo funciona com uma maestria única!
Há outros livros que comprei escritos pela autora, mas ainda não os li. Porém, pretendo, assim que possível, lê-los, para trazê-los aqui.
Ao lado de A Casa das Orquídeas, O Tempo Entre Costuras é minha (outra) obra literária favorita. Desde que li ambas, em sequência, não encontrei nada parecido.
Para quem está disposto a encarar mais de 500 páginas, garanto que não irá se arrepender. E, no final, com certeza, ficará satisfeito por ter experimentado algo tão bom, mesmo que, muitas vezes, o caminho pareça sofrido e triste.
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