“Levantou-se, pronta para enfrentar uma hora de ilusão que parecia muito mais real do que a sua própria vida. Ao sair do camarim, Cheska se perguntou se sua vida teria um final feliz.”
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Após falar a respeito de "A Casa das Orquídeas", chegou a hora de comentar um pouco sobre outra grande obra da autora Lucinda Riley.
Aqui, em "A Árvore dos Anjos", acompanhamos a história de David e Greta. Ele, um grande comediante, busca ajudar a sua antiga amiga, que perdera a memória em um evento passado. Para isso, David à leva até a antiga residência de sua família (os Marchmont), localizada em uma área rural, afastada da cidade. Greta viveu nela em sua juventude e passou por momentos cheios de luz, mas também de trevas.
Greta, por sua vez, não consegue lembrar de sua vida, antes do acidente que sofreu, pelas mãos de alguém inimaginável.
Porém, então, por que David decidiu levá-la até esse local que, por mais que traga boas recordações, também teve os seus momentos de tristeza?
É a partir daí que entramos, de fato, nesse mundo que alterna entre: sonho, alegria, esperança e desejo. E: pesadelo, desespero, medo e dor.
Assim como em "A Casa das Orquídeas", aqui, Lucinda também trabalha com uma narrativa atemporal. No presente, acompanhamos Greta e David, já na última fase de suas vidas. Greta tem quase sessenta anos e David beira os setenta. Nesse período, as “aventuras” inexistem. Vemos, apenas, o resultado de suas escolhas outrora. É interessante esse recurso que a autora emprega em suas obras (li essas duas, por enquanto, mas, imagino - pois não pesquisei - que seja uma constância em seus demais livros).
Já no passado, vemos os protagonistas em busca de um lugar ao sol. David quer ser um comediante de sucesso, e Greta ambiciona ser uma grande atriz.
Porém, a jovem mulher não enfrentaria um caminho tranquilo à frente. Precisaria fazer escolhas, nada fáceis, para continuar a com sua vida. Escolhas, muitas delas, envoltas de desespero e medo.
Felizmente, algumas delas (não as ruins), no começo, trouxeram-lhe motivos para sorrir. É claro que elas (para variar) a colocaram, posteriormente, em situações árduas. Foi por causa delas que Greta precisou se casar (como Owen Jonathan Marchmont) para ter condições de criar os seus filhos.
Vale lembrar que a história se passa em um período onde os homens, normalmente, trabalhavam e as mulheres cuidavam do lar.
Porém, mais adiante, uma tragédia a visitaria e causaria o inicio de o que seria o melhor e pior período de sua vida. Na verdade, essas duas palavras perderiam os seus significados, pois o que Greta passaria seria impossível de classificar.
E o livro segue nessa alternância de épocas. Mas com mais ênfase no passado. E que passado!
David é apaixonado por Greta desde sempre - e o rapaz sabe disso, apesar de algumas escolhas burras que tomou. Precisou de anos para mudar essa realidade. E, Greta, iludida por um infeliz mal-entendido, se fechou para sempre ao amor. Ela teve que casar com Sr. Owen por motivos já citados.
Diferente do livro anterior, "A Árvore dos Anjos" me soou mais deprimente (se é que isso é possível). Não como um aspecto ruim ou chato. É mais em relação ao tom da obra. É tanta desgraça que precisamos acompanhar, algumas de uma maneira tão pesada, densa, que fica aflitivo ver certos personagens ter que enfrentar tanta miséria. Há momentos mais leves, suaves, onde uma calmaria se instá-la. Mas acabam engolidas pela tragédia que impera durante a maior parte da história. Contudo, existe um balanceamento que mantém a narrativa atraente e faz a atenção ficar presa nesse mundo nublado.
Os desdobramentos são tensos e suas consequências perversas. Greta queria ser uma atriz, mas não conseguiu. Porém, teve uma "oportunidade" que quase a matou.
O que mais?
Antes de encerrar, preciso comentar a respeito da (personagem) Cheska. Não irei dizer quem é ela na história, apenas que é uma verdadeira personificação da tragédia. Essa mulher será uma jornada para você e te fará apreciar como a desgraça consegue fincar as suas garras profundamente em alguém. É uma tristeza o que ela passa.
Lucinda Riley, até o momento (de dois livros), mostrou ser uma maravilha de se ler. Não é cansativa e a narrativa funciona bem com essas transições temporais. No momento em que estamos prestes a descobrir algo importante ela corta para o tempo contrário, isso faz criar expectativa para o que veremos a seguir. Além de atribuir profundidade aos personagens, ao expor mais de suas vidas.
E, mais do que tudo, é uma história que não se prende a questões de idade. Podemos ver Greta e David jovens e atraentes, porém terminamos com eles da maneira que terminará com todos nós: velhos. Mas com a sabedoria de que sempre há tempo para se recomeçar, não importa o que seja. Os estudos, um novo trabalho, novos amigos, uma família...
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