O início de tudo: o Primeiro Cinema
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Atualmente, o cinema é uma das formas de arte mais populares no mundo, levando e comovendo milhares de pessoas no planeta a irem ver grandes filmes. As estreias são marcadas por inacreditáveis premières, com a presença de astros mundiais, além de uma ampla cobertura por parte da mídia. Filmes são aguardados ansiosamente, fazendo a expectativa do público se elevar às estrelas. E, principalmente, o cinema gera milhões... Milhares aos seus idealizadores anualmente, muitas das vezes maiores do que o PIB de alguns países. É claro que estou me referindo ao cinema mais “comercial”
Mas o cinema gira além do mainstream. Além do estrelato. Além de Hollywood.
Em cada pedaço do mundo há cineastas, entusiastas e amadores que se dedicam a produzirem as próprias pequenas obras fílmicas sem conseguirem apresentá-las em salas enormes. Mas, ainda assim, concebem excelentes obras independentes, com poucos recursos e pouca divulgação.
Mas tudo isso, esse momento aonde nós chegamos, só foi possível graças a uma fagulha antiga, acesa sem a menor noção do quão longe ela poderia queimar. E lá atrás, no século XIX, o primeiro passo foi dado, muito provavelmente sem a menor ideia do tamanho do impacto que ele causaria.
O chamado Primeiro Cinema
Esse nome foi dado para a centelha do cinema, ainda no século XIX. Mas longe do que se tornaria, o Primeiro Cinema não era (ainda) uma arte puramente imagética, como se consolidaria no século XX.
Em 1885, mais ou menos, o cinema não tinha uma “identidade” própria. A vida dele era compartilhada com outras formas culturais, em espaços apertados, barulhentos, como, por exemplo, os espetáculos de lanternas mágicas, teatros populares, revistas ilustradas e demais trabalhos. E os aparelhos, que permitiam a exibição e projeção das novidades fílmicas, eram simplesmente uma, dentre várias invenções que vieram a surgir no século XIX.
Porém, devido a isso, uma grande transformação surgiu nos 20 anos seguintes. Com reorganizações na escala produtiva, o cinema não perdeu tempo — não mesmo — e buscou o próprio futuro sedentamente, como se a própria vida dependesse disso.
Mas voltemos alguns passos.
Essa transformação tem um passado mais distante. Os filmes, essencialmente, deram sequência a uma tradição impulsionada pelas projeções de lanterna mágica, que já vinha desde o século XVII. O trabalho era o seguinte: um apresentador exibia ao público diversas imagens coloridas projetadas em uma tela. Essas imagens eram projetadas por meio do foco de luz criada por uma chama que, junto a isso, tinha o acompanhamento de sons (músicas, vozes e demais efeitos sonoros). Era possível, também, criar movimentos nessas imagens projetadas. E, olha só, os primórdios do fade out e fade in, com o apagar e o surgir das imagens, foi posto em prática.
É interessante saber que não há um ÚNICO descobridor do cinema. Os meios físicos, que possibilitaram o surgimento, apareceram dispersamente, em vários lugares. E no final do século XIX, graças ao universo, inventores que queriam e buscavam projetar imagens em movimento, encontraram-se para compartilhar pesquisas. E nesse interim, técnicas fotográficas, além da aplicação de técnicas mais precisas para a construção de itens de projeção, mais a invenção da celuloide, acabaram se “conectando”, dando o clique necessário e esperado para o avançar da arte cinematográfica.
Também é possível analisar o Primeiro Cinema como um evento que se ramificou em duas fases. Essa “etapa” do cinema teve as próprias evoluções e aprendizagens, saindo de um patamar mais popular, comum, para ser alavancado a uma posição de mais “respeito”, com uma esmagadora presença no âmbito social e, principalmente, econômico.
O momento inicial, que vai de 1984 até 1907, era onde acontecia um aumento dos chamados nickelodeons (espaços maiores para poder acomodar a maior quantidade de pessoas), além do crescimento, também, da procura por filmes de ficção. Essa é a fase do chamado “cinema de atrações”.
Cinema de Atrações
Hoje em dia, o que se mais vê são filmes com narrativas variadas, criativas, que exigem do público uma concentração e atenção redobrada, e dos diretores uma capacidade acima da média. Filmes como Pulp Fiction (1994), Lola Rennt (1998), Memento (2000) e Kill Bill (2003), por exemplo, são alguns que ousaram na narrativa, fugindo de uma estrutura clássica, em que a história é contada linearmente (começo-meio-fim), sem a flexibilização do tempo e do espaço. Mas isso, essa coisa, a narrativa, era algo totalmente inexistente na primeira fase do Primeiro Cinema.
Ainda trabalhando em sinergia com o espectador, a fim de surpreendê-lo, o cinema utilizava de recursos oriundos de outras mídias, além de demais atrações, pois era tudo feito num mesmo espaço.
Também vale destacar que, nesse tempo, o cinema era mais voltado a um caráter de apreciação visual do que, propriamente, uma forma de se contar uma história. A absorção dele estava ligada, intrinsicamente, ao que o público sentia ao reagir ao que era visto.
Mas algumas técnicas, bastante conhecidas hoje em dia, já existiam na época. As panorâmicas (movimento em que a câmera gira no próprio eixo, mas se mantém parada), os tavelings (oposto da panorâmica, aqui a câmera se movimenta pelo espaço) e os close-ups (enquadramento fechado feito em um ponto específico, normalmente no rosto dos atores), já eram postas em prática.
O Cinema de Atrações foi de 1894 até 1906-1907.
O que veio a seguir foi o chamado Período de Transição (1906 até 1913-1925)
Quem exibiu primeiro?
Como curiosidade, para quem acreditava — assim como eu — que os irmãos Lumière foram os primeiros a fazerem uma exibição de filmes, tenho uma notícia, talvez, inesperada: não foram eles. No dia 1 de novembro de 1985, apenas dois míseros meses antes da conhecida apresentação do cinematógrafo (invenção dos irmãos) Lumière no Grand Café, outros irmãos — que ninguém, nunca, deve ter ouvido falar —, Max e Emil Skaladanowsky, fizeram uma exibição de “apenas” 15 minutos do bioscópio em um teatro — grande, por sinal — chamado Vaudevile, em Berlim, Alemanha.
Mas independentemente disso, foram os Lumière que ficaram famosos e creditados como os primeiros — por questões voltadas aos negócios. Ambos eram experientes no ramo e souberam vender bem o próprio invento, tornando-o conhecido mundialmente, proporcionando, assim, ao cinema uma função de caráter lucrativa, com ambos vendendo câmeras e filmes para tudo quanto é lado.
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