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Assistindo The Witch

Foto do escritor: Marcos ViníciusMarcos Vinícius

Atualizado: 17 de fev. de 2021

Se souber explorar bem a essência do terror o resultado será um ótimo filme. E The Witch conseguiu isso!

(imagem da internet)

The Witch é um filme de terror, lançado em 2015. E na obra vemos a história de uma família excomungada de uma vila cristã, na Nova Inglaterra. A família é composta por: William e sua esposa Katherine; a filha Thomasin; o filho Caleb; os gêmeos fraternos Mercy e Jonas e o recém-nascido Samuel (que nasce já fora da vila onde eles moravam).


A família se estabelece em um local afastado, próximo a uma floresta onde vive uma bruxa, e tentam sobreviver com plantações de milho e da caça. Porém, essas opções não dão certas. E a partir de o desaparecimento do pequeno Samuel que toda a desgraça (mais?) recaí sobre essa miserável família.


Por ser um fã de filmes de terror e horror, assim como temas mais sombrios, tipo: ocultismo, bruxaria e satanismo, adorei a forma que o filme tratou a agressividade e o medo. Quando precisa, ele joga, sem vergonha, uma brutalidade feroz. Em outros momentos, deixa tudo embaixo de um véu assustador.


A produção é exímia. A direção, inclusive, ganhou um prêmio na categoria U.S. Dramatic no Festival Sundance de Cinema de 2015. E os atores entregam o suficiente (apesar de que poderiam mais).

Anya Taylor-Joy interpreta a corajosa Thomasin (imagem da internet)

A narrativa é oculta e bem construída. É difícil ver para onde a história irá. As respostas são apresentadas de maneira imperceptível e é preciso esforço para, talvez, quem sabe, conseguir prevê-las ou antecipá-las.


Dito isso, há um ponto que eu gostaria de destacar.


Bem, há um termo existente chamado de convenções de gêneros. Esse termo se refere a características fundamentais em certos tipos de obras (gêneros). É aquele momento em que público prevê um possível desfecho, ao ter como base a recorrência em que ele aparece em determinadas produções de categorias específicas.


Em The Witch há elas, e, honestamente, é muito difícil enxergá-las.


É claro que isso não é uma regra e surpresas são muito bem-vindas. Afinal, os gêneros não são inflexíveis. Mas, ainda assim, elas são essenciais, pois se faltam perdem a essência da estética em que habitam.


Porém, aqui, o diretor se antecipa a antecipação do público diante a um provável desfecho. É muito louco!

Alguns exemplos que podem traduzir o que eu quero dizer.


Logo após o começo, o bebê Samuel é levado. Em determinada parte do filme, Thomasin luta por sua vida (luta mesmo! Fisicamente). E como a sua algoz está disposta a matá-la, Thomasin não tem outra opção, mesmo contra alguém que ela não quer ferir. Em outro momento, parece que Caleb irá superar o terrível evento que o acometeu, pois a cena está imbuída de um momento de caráter milagroso. Mas isso não ocorre e ainda piora.


E o final é outra surpresa. Tanto pela confirmação de uma suposição de Thomasin, quanto por sua escolha.


Essas situações parecem que vão por um caminho, ainda mais pelo contexto, que assusta pelas possibilidades, porém, resultam em desfechos, devo dizer, surpreendentes. É excelente!


O designer de produção também é outro acalento aos olhos. É tudo cinza, incolor, úmido, desgastado. A obscuridade transita por esse horrível lugar. É possível sentir a dificuldade que a família enfrenta para poder sobreviver no meio em que estão. Os figurinos dos personagens são bem elaborados, expondo suas condições e personalidades. O filme, por sinal, faz uma interessante alusão ao que o desligamento da relação com Deus pode fazer. Essa metáfora é bem evidenciada quando eles são expulsos da vila e precisam se virar com as próprias mãos. Para quem entendeu...

Vemos a família presa em um grande e angustiante buraco, mesmo com as rezas para Deus. Mas nada acontece... Quero dizer, nada de bom acontece.

As exposições sugestivas são interessantíssimas.

Os gêmeos Mercy (Ellie Grainger) e Jonas (Lucas Dawson)... E algo mais (imagem da internet)

É legal a discórdia criada pelos gêmeos (na verdade, criado por um outro personagem) e o desfecho preterido, além da brutalidade que surge disso. E há vários momentos em que tudo fica muito mais no aspecto imagético, sugestivo. E isso não é ruim. É válido filmes de terror (os de horror, eu acredito, são mais explícitos) onde o lado psicológico e oculto sejam explorados. Sem a necessidade do dantesco, o repulsivo e a ojeriza diante de nossos olhos.

Essa bruxa do filme, por sinal, teve uma abordagem interessante, mais a maneira que foi utilizada. Ao invés de ser mostrada, toda hora, a vemos, talvez, em 4 situações (ou até menos). Ela é apenas um sussurro, algo que se deve ficar atento.

Mas, o que mais me encantou foi o final. A revelação do ser que já perambulava por entre a família foi magnífica. E, a consequência disso, surpreendente. Afinal, o que não faríamos para continuarmos vivos?

No final, Thomasin teve que fazer uma escolha. Bizarra, mas fez. E você? Faria o mesmo que ela? Ou manteria a reza para Deus, mesmo após tudo já ter se perdido nas trevas?

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