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Assistindo Selfie (2014)

Foto do escritor: Marcos ViníciusMarcos Vinícius

Atualizado: 19 de jul. de 2023

Curiosa série protagonizada pela atriz Karen Gillan

(imagem da internet)

Selfie (2014) pode ser considerada uma série meio underground, apesar de ter um nome forte (talvez hoje em dia) no elenco: Karen Gillan.


Lançada em 2014, trouxe a bela ruiva como protagonista. E Karen, que vinha do recente sucesso em Guardiões da Galáxia (2014), teve a primeira oportunidade dela — de fato, pois, em Doctor Who, ela não era a protagonista — em uma produção que lhe deu, em primeiro plano, tamanha visibilidade. Porém, Selfie não conseguiu audiência, por isso foi cancelada com apenas uma temporada. Inclusive, dos 13 episódios que foram gravados, apenas 7 tiveram transmissão em rede aberta. Os demais saíram diretamente na internet.


A série sofre muito devido ao roteiro fraco, diálogos superficiais — o que, inclusive, pode ser considerada a tônica — e personagens sem nenhum tipo de carisma. Com exceção da própria Karen, que deu vida à jovem Eliza Dooley, todo o resto é sem qualquer conteúdo. Mas, antes, vou contar qual é a história.


Primeiramente, o foco central (ou quê, a princípio, deveria ser) de Selfie é a questão da relação das pessoasespecificamente a Elizacom as redes sociais. Mas deixarei para falar a respeito desse ponto depois.


Selfie começa com os funcionários de uma empresa farmacêutica prestes a viajar de avião. Eliza surge com um visual espalhafatoso e se senta ao lado do affair dela, interpretado por algum ator genérico. E ela, que pensa estar em um relacionamento sério, descobre que o amado dela, na verdade, é casado (ela vê a marca da aliança no dedo dele). Arrasada, ainda enfrenta outro problema: o enjoo que sente a faz vomitar dentro de alguns saquinhos. E após sair de perto do rapaz, carregando os “pacotes” cheios de muita nojeira, ela sofre um acidente e derrama todo o vômito em si (isso ocorre no corredor do avião, com todos os funcionários de olho nela). Todos riem e filmam essa situação degradante. Eliza se sente humilhada e foge para o banheiro. Após muito tempo escondida, uma aeromoça vai chamá-la, mas, ainda envergonhada, recusa-se a sair, pois as roupas dela estão todas vomitadas. Contudo, ela não tem escolha e sai vestida com cortinas ou algo parecido. O que acontece? Todos riem dela novamente.

Eliza Dooley (Karen Gillan) (imagem da internet)

Algum tempo depois, eles chegam ao destino e já aparecem em uma sala de reunião. Mas Elisa é alvo de uma piada: alguém deixa um saquinho (do mesmo tipo que ela vomitou) na cadeira em que se senta.


A reunião prossegue, e é aí que Selfie começa, de fato.


Henry Higgs, interpretado por John Cho, é o Diretor de Marketing (ou algo parecido) da empresa. Devido ao sucesso que ele teve ao reverter um insucesso de determinado produto, Eliza o vê como a luz que poderá tirá-la desse fama negativa que adquiriu. Apesar de refutar, em um primeiro momento, Henry aceita, e a série segue na seguinte dinâmica: Eliza recebe os conselhos de Henry e tenta mudar o comportamento dela mesma; e Henry, que é um quarentão de costumes tradicionais, por assim dizer, também recebe alguns “toques” e vai, aos poucos, por um caminho semelhante ao da Eliza. E meio que os dois se ajudam.


O legal da série


Difícil. Mas vamos lá!


Apesar do cancelamento (não me refiro ao que acontece hoje em dia), quase que instantâneo que teve, Selfie tem algumas ideias bem interessantes. Primeiramente, essa mutualidade entre Eliza e Henry é bem feita. Eliza ainda é muito jovem e sem noção, e Henry um baita de um careta. Então, ambos têm o que dar ao outro, apesar de não parecer. Principalmente por parte de Henry, que acha ser melhor do que ela, mas descobre muitas falhas em si.


Henry é um cara mais experimente do que Eliza, por isso a figura de conselheiro. E, como já mencionei, Eliza também influencia Henry, por isso, penso que seja válido essa união e companheirismo que ambos criam. E é um bom exemplo da interação entre gerações tão diferentes e o que pode sair disso: ideias distintas, mas flexíveis a qualquer um.


Outro ponto legal é a própria Eliza. A personagem não é tão boa assim (não no sentido de caráter), apesar de uma construção com backgroundalgumas surgem do nada; e faltou mais esmero na concepção dela. Mas tive a impressão de que a direção exigiu uma atuação meio caricata por parte da atriz. Tanto que, em determinados momentos, a vergonha alheia bate forte, que até o pessoal do The Office se sentiria mal. Mas, de qualquer forma, a Karen se saiu bem no papel. A interpretação dela, inclusive, foi bastante elogiada na época. E é ela quem carrega a série nas costas, apesar da série não ajudá-la.

(imagem da internet)

Selfie e a Teoria do Marasmo Criativo


Tá legal! Eu acabei de inventar essa teoria, mas ela vai fazer sentido. A ideia por trás é a de que certas produções parecem mais preocupadas em fazer um produto banho-maria, padrãozinho, sem nenhuma substância que a faça tocar o sol, do que trazer uma OBRA de peso, que faça um estardalhaço atmosférico. Eu sei que existem produções direcionadas para certas audiências, comportamentos, com baixo orçamento e afins. E Selfie exemplifica bem isso o que eu disse algumas linhas atrás. Personagens de um carisma abaixo de zero, que mais parecem remeter a fórmulas estabelecidas nesse universo de séries, não acrescentam nada para a história. Diálogos vazios, desprovidos de vida, soam enfadonhos e monótonos. E uma falta alarmante de HUMOR, que me fez dar, talvez, umas duas risadas durante os 13 episódiose eu sou o tipo de cara que ri de imbecis caindo de cara no chão.


Assistir Selfie pode ser resumido da seguinte forma: é igual ver o açúcar se dissolver na água. Não faz mal a ninguém, não incomoda, é tedioso, e há coisas mais saborosas em qualquer lugar que se olhe.


Brincadeiras a parte, acredito que os responsáveis que trabalham com o entretenimento (mais essa galera que está no controle criativo), devam ter mais ousadia e coragem. Há um oceano infinito de produções por aí e, com certeza, uma cacetada de porcarias no meio. Não é possível que não haja uma vontade de dar destaque à própria. Que tragam aspectos marcantes, decisões fortes. Substância, volto a repetir. Lost se tornou um marco na TV. 24 Horas a mesma coisa. Supernatural idem. Por sorte? Não duvido! Mas, também, porque os produtores delas tinham ideias instigantes, personagens com presença na história e bons materiais em mãosmesmo com decisões erradas, em certos momentos.


Apenas acho que seja necessário um cuidado maior na hora de idealizar uma série, para que não seja, somente, mais uma, entre tantas.


E quanto às redes sociais?


Faltou essa questão, né? Bem, esse é um aspecto curioso. De início, a ideia de Eliza é modificar a própria imagem, tanto perante à empresa e aos funcionários, quanto para a internet; além do comportamento/relação dela com a internet.


Henry, aliás, logo no primeiro episódio, além de já expor a personalidade e pensamentos dele em relação às redes sociais e a geração (da Eliza) que tanto as consomem, destila umas falas bem discursivas, cheias de críticas que, penso eu, deveriam estar no subtexto, nas entrelinhas, não em destaque, num primeiro-plano. Mas, enfim...


Quanto às redes sociais, mais o nome da série, fica esquisito você assistir e ver que não há esse cerne na história. As redes sociais até aparecem com recorrência. Seja para stalkear ou para alguém aprender a mexer no facebook. Mas a atenção, na maior parte do tempo, é a relação de Eliza com Henry e o aprendizado gerado disso. E ninguém mais se lembra do que houve com elanem a própria Eliza. Ninguém se lembra da vergonha que ela passou. Misteriosamente, todos se esqueceram. Eliza, os demais personagens e, inclusive, o roteiro.


Dá para passar o tempo assistindo Selfie?


Com certeza! Basta achar um ponto específico e ficar nele. Eu, por exemplo, só assisti por causa da Karen Gillan, pois a acho uma grande atriz. Mas para a turma das redes sociais, Selfie, talvez, agrade por algumas razões. Não é um lixo nível Punho de Ferro, da Netflix. Mas é bem... Pffff!


Sabe, enquanto escrevia este texto, veio-me a seguinte ideia: Selfie parece ter sido escrita por alguém que não sabe escrever, que pensa ser engraçado, mas que não é, e que acredita ser um gênio inovador, mas é estúpido e por isso se esqueceu de perceber.

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