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Assistindo Penny Dreadful

Foto do escritor: Marcos ViníciusMarcos Vinícius

Atualizado: 17 de fev. de 2021

Personagens clássicos passeiam pela beleza assustadora do horror vitoriano

Elenco de Penny Dreadful (imagem da internet)

Lançado em 2014, Penny Dreadful é uma produção que traz personagens icônicos para uma graciosa Londres vitoriana. Em uma história original, essa série mesclou personagens clássicos da literatura mundial, produzindo, assim, uma criativa obra que pôde saciar a fome de muitas fãs do terror.


Na série, vemos o Dr. Victor Frankestein e sua (s) criatura (s), oriundas da obra de Mary Shelley. Há também a presença de Dorian Grey, do livro O Retrato de Dorian Gray, escrito por Oscar Wilde. Até mesmo Van Helsing e Drácula (a figura do vampiro de uma maneira geral), presentes em Drácula, livro de Bram Stoker, estão na série. Assim como o Doutor Jackyll, de O Médico e o Monstro, de Robert Louis Stevenson.


Também há personagens provenientes de lendas urbanas, como: Jack, o Estripador. E seres místicos, tipo: bruxas e lobisomens. Além da presença de um anjo.


Penny Dreadful teve três temporadas e foi finalizada em 2017.

Na trama, acompanhamos a jornada de Vanessa Ives (interpretada pela excelente Eva Green), uma mulher atormentada que precisa lidar com uma sombra existente em sua vida. O seu passado é um mistério, apenas sabemos que ela ajuda Malcolm Murray (interpretado por Timothy Dalton), que busca, desesperadamente, resgatar a sua filha Mina Murray (interpretada pela Olivia Llewellyn), sequestrada por seres malignos. É a partir disso que a primeira temporada segue.

Apesar de a história manter a atenção, desde o início da série, em Vanessa e a sua vida, ela conclui as tramas de cada temporada. Na primeira temporada, o objetivo e resgatar Mina. Na segunda temporada, Vanessa precisa superar a criatura que quer derrubá-la, além das bruxas que rondam os protagonistas. A terceira temporada finaliza a série, encerrando-se em torno de Vanessa.


Eu gostei bastante da produção, por vários aspectos. A ambientação, da Londres vitoriana, é maravilhosa. Essa cultura (em questões arquitetônicas e de vestimentas) me atrai muito. Tá certo que a série não é a respeito disso, mas o designer de produção trabalhou muito bem esse aspecto. Visualmente é um deleite.


O universo em que se passa a série funciona muito bem. É um mundo triste, cheio de personagens com traumas, medos, angústias. As suas vidas são podres, miseráveis, e tudo isso é potencializado por uma estética depressiva, permeada pela desesperança. A paleta de cores contribui com essa visualidade, pois a sua constância é bastante reservada, contida, escura. Isso é interessante, se levarmos em consideração de que se trata de uma série de terror, além de se passar em um período histórico, digamos, um pouco deprimente. A série não atirou para um lado, completamente, diferente.

Vanessa é a melhor personagem (disparada). A sua vida, desde a infância, é uma danação infinita. Ela teve o azar de ter sido escolhida (pela desgraça) para ser a companheira de algo que anda pelas sombras. Porém, a sua própria personalidade é enegrecida. Tanto que ela precisa, com uma força hercúlea, resistir às tentações que a acometem. Se bem que, muitas vezes, cede a elas. Há uma cena, maravilhosamente, macabra, onde podemos ver a sua relação (física) com esse ser que a persegue. Pode ser (talvez para alguns) perturbador. Eu achei espetacular.


Vanessa viveu com a sua família junto à família Murray (na propriedade deles), até se tornar uma jovem adulta. Porém, eventos caóticos corromperam tudo. Posteriormente, ela voltaria a morar com Malcolm - que é o que vemos no início da série.


Digo que as duas primeiras temporadas são excelentes. A narrativa trabalha bem os núcleos de personagens e os seus próprios mundos, e sabe juntar todos eles quando necessário. Assim como a própria trama central, que exige dos personagens escolhas e resiliência para que possam seguir em frente. A série não tropeça na ânsia em querer contar tudo de uma vez. Sua cadencia é entendida, pois valida o que virá depois. Contudo, a terceira temporada foi um contraste muito grande.

A sua proposta é interessante, mas erra na execução. Nela, vemos algumas decisões incoerentes com o que fora apresentado. O que, para mim, foi desapontador, pois tirou toda a resistência e superação que certos personagens precisaram - e tiveram - nas temporadas anteriores. Os sacrifícios que eles fizeram foram diluídos. E nem me refiro ao desfecho da série, mas como ela foi alcançada, a partir da terceira temporada.

Nossos protagonistas investigam algo misterioso (imagem da internet)

É nítido que houve uma pressa em conclui-la, mas poderiam ter tido mais esmero. E isso é visível com a introdução de dois personagens (que já coloquei aqui no texto), mas que tiveram péssimos tratamentos. O surgimento e o caminhar de suas participações caminham de maneira satisfatória, mas o encerramento é lamentável (para não dizer outra coisa). Um, no final, se mostrou irrelevante, pois o que era esperado dele nem apareceu. O outro, pela grandiosidade, e o seu valor cultural, deveria ser mais ameaçador e incisivo, além de trazer mais danos aos protagonistas. Mas não.

Novamente, pontuo o fato de a série ter sido concluída as pressas. Na época, o criador disse que já planejara a série para três temporadas. Mas a impressão que fiquei é a de que ele se esqueceu de avisar todo o resto da equipe, pois parece que certos personagens seriam mais explorados em uma possível quarta temporada.

Contudo, algo que tira esse gosto ruim, com essa conclusão apressada, é a de que é possível assistir as duas primeiras temporadas e parar nelas. A conclusão da segunda, por sinal, é brilhante. Vanessa mostra toda a sua força e decide lutar (de cabeça erguida) contra o estigma perpétuo que reside em si.

Enfim, para você que gosta de terror, Penny Dreadful é um prato cheio, pois, além das referências clássicas a personagens tão marcantes, os criados para a série se mostram interessantíssimos (e as atrizes e os atores são fantásticos).

Antes que eu me esqueça, há uma série spin off, chamada Penny Dreadful: City of Angels (não assisti). Foi lançada este ano, mas já cancelaram. Teve apenas uma temporada.

Vanessa nasceu marcada por algo das trevas, mas pôde lidar com isso, mesmo caindo durante o percurso. É claro, até vir a terceira temporada e acabar com tudo.




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