Banda se reinventou e trouxe um excelente álbum
Nunca fui fã do Paramore. O tipo de som que eles faziam, uma mistura de emo/pop com rock, sempre me desagradou. Apesar da voz da vocalista, Hayley Williams, ser atraente, as músicas eram péssimas e irritantes.
E isso perdurou até o álbum homônimo, lançado em 2013. Lá, eu já comecei a olhar com mais seriedade para eles. Mesmo ao manterem muito daquilo que me afastava, em certas músicas pude notar uma mudança agradável.
Porém, o que me fez gostar da banda foi o último álbum, After Laughter (2017). O som, totalmente diferente do que já fizeram, foi o que me pegou. Ao saírem de uma estética emo juvenil, a banda entrou em uma sonoridade mais new wave. Uma mudança e tanto!
É engraçado, agora, olhar para trás e ver os demais álbuns. Penso que foi um desperdício eles terem feito discos tão fracos com todo esse potencial em mãos. É provável que eles ainda não tivessem tanta versatilidade assim, mas fica a observação a respeito.
Por que After Laughter é bom?
Para mim, o mais forte foi a substituição do instrumental, que era extremamente genérica e repetitiva. Mesmo com a bela voz da Hayley, o resto era muito descartável. Junto a esse aspecto, também ressalto o fato da Hayley cantar, agora, com mais técnica. Diferentemente de antigamente, parece que a voz dela se encaixou melhor com essa nova roupagem adquirida pela banda. Sem o “peso” que havia antes, a sonoridade mais limpa combinou com a alta e doce voz dela.
As letras também deixaram de ser “infantis”, para se tornarem mais maduras e densas. Não sou de dar atenção a esse aspecto, pois me preocupo mais com o som que é criado e a coesão, e o que posso tirar disso. Mas devo ressaltar essa mudança nas composições.
Apesar de reconhecer que me agradou — e muito — essa reconstrução do som da banda, não posso deixar passar algo que sempre procuro pontuar. Que é quando uma banda refaz os passos dela para um caminho completamente diferente do que era no início. Sou um crítico ferrenho dessa prática. Porém, saliento que esse é um pensamento muito subjetivo e maleável, que pode ser desfeito se a banda funcionar bem com a ideia pretendida.
Então, por que gostei de After Laughter e detestei, por exemplo, The Path of Totality, do Korn? Acredito na teoria de que, com o Korn, eles regrediram na capacidade criativa, mais a falta de controle sobre o que fazer com a ideia de misturar o dubstep na sonoridade deles. Nada é eficaz e toda a parte eletrônica se sobressai em relação ao restante — tanto que eles lançaram a versão instrumental do disco. A guitarra, o baixo e a voz são descartáveis no final.
Com After Laughter, o Paramore se mostrou uma banda consciente de AONDE IR e COMO IR. Não ficou uma obra artificial — tipo The Path of Totality e The Paradigm Shift, também do Korn. Penso que essa possibilidade já estava oculta no âmago da banda. Eles, apenas, decidiram apresentá-la ao mundo.
Para reforçar a minha teoria, também cito o Red Hot Chili Peppers. Após One Hot Minute (1995) eles deixariam de ser uma banda de funk rock para se tornarem pop/rock. Porém, álbuns como Californication (1999), By The Way (2002) e Stadium Arcadium (2006) são excelentes.
O futuro é promissor
Gosto é algo, unicamente, pessoal. E há os que não ficaram nada felizes com essas mudanças. Mas vejo como algo benéfico, afinal, o Paramore pôde mostrar outras possibilidades, tão boas quanto às raízes da banda.
Agora, espero que eles não voltem ao que eram, por mais que a banda tenha se tornado quem é devido à sonoridade que os projetaram. Porém, também não quero que eles enveredem por caminhos loucos e mirabolantes. Foram 12 anos para dar atenção ao Paramore. Tomara que isso não volte a ocorrer.
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