Com Delirium, banda mostrou do que é capaz
Melhor álbum já lançado pela banda, “Delirium” (2016) foi uma inacreditável surpresa, na época. A banda vinha de dois bons álbuns: “Dark Adrenaline” (2012) e “Broken Crown Halo” (2014), mas nada que demonstrasse uma evolução criativa tão inspirada. Inclusive, no período desses dois trabalhos, a banda lidava com a debandada em massa de os seus integrantes.
Hoje em dia, apenas os dois vocalistas e o baixista estão desde o início. De resto, foi tudo mudado.
Delirium mantém a aura gótica da banda, tanto na sonoridade, quanto no visual, mas com mais peso e agressividade. Os vocais de Andrea Ferro, que já eram fortes, migraram para um gutural nunca visto antes. A participação dele também é maior sem ser um mero side kick da Cristina Scabbia. Esta, por vez, está mais técnica do que nos álbuns anteriores. Ela mantém a mesma característica, mas com mais alcance, além da voz dela estar mais alta e forte.
O álbum tem 11 faixas (na edição de luxo conta com mais 3). Todas as músicas têm uma estrutura semelhante. Ora, com Cristina fazendo o refrão, ora Andrea exercendo tal função.
Por ser uma banda de metal alternativo, o som segue uma linha mais cadenciada, com momentos mais calmos, sendo precedidos por mais peso — mas não o peso estilo death metal.
A beleza do gótico
A sonoridade gótica é que mais me encanta na Lacuna Coil. A voz da Cristina parece ser feita para esse tipo de som. E em Delirium, que tem toda uma estética esquizofrênica e aflitiva, essa particularidade se destacou ainda mais.
Andrea também parece mais solto. Os gritos raivosos dele que, até então, eram desconhecidos, funcionaram perfeitamente nas composições.
Também há uma participação bastante ativa dos teclados/sintetizadores. Apesar da banda não ter um integrante que exerça tal função, essa parte é muito boa, contribuindo diretamente com a temática do álbum.
Já disse antes e reafirmo: Delirium é o melhor álbum da banda. Tanto pela diferença (vocais e sonoridade) em relação aos anteriores, quanto pela evolução apresentada pela banda. Mesmo com um guitarrista a menos, em relação à formação original, o peso ainda é destacado. O baixo, em vários momentos, lembrou-me o do Korn. E a bateria segura bem a batida das músicas.
Apenas espero que Delirium não se torne o único parâmetro para a banda, em álbuns futuros, pois “Black Anima” (último álbum lançado, 2019) tem essa observação. Não chega a ser uma continuação, mas traz poucas novidades e mantém muito do que é visto em seu predecessor.
Afinal, como eu já disse aqui no site: pior do que uma banda que muda completamente a sonoridade, é uma banda que para de se arriscar em trazer algo novo sem perder a essência de si.
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