Labirinto Negro: Jonathan Davis continua com a sua jornada sombria
Demorei um pouco, mas aqui está! O cara que me fez colocar 3 piercings na sobrancelha, lançou o primeiro álbum solo dele em 2018, enquanto estava imerso em uma pilha de excrementos.
Um pouco — só um pouquinho — longe da estética da banda dele (Korn), Jonathan pôde mostrar ao mundo um lado dele que já havia olhado à luz em 2006, em Untitled, mas, agora, totalmente sob as mãos dele. A densidade, os sussurros, a fúria e a melancolia, tão características de sua voz, continuaram em Black Labyrinth, mas sem a base instrumental do Korn. O baixo “grooveado” do Fieldy não existe. As guitarras distorcidas dos gêmeos Head e Munky também foram passear. Apenas a bateria de Ray Luzier ainda está presente, sob outro espectro. Mas o cara é foda, então tudo bem.
Com uma roupagem mais experimental — mais do que a do próprio Korn —, Black Labyrinth navega bastante entre o rock alternativo e um pouco de eletrônico, mas sob circunstâncias desconhecidas. Há uma vibe meio soturna, folclórica. É um disco meio estranho de se entender. Parece um oceano revolto, confuso, envolto de uma neblina difusa.
Se formos comparar com o Korn, tem menos peso (mas, ainda assim, há), tanto no instrumental quanto nos vocais. O que é bom, afinal, é interessante ver músicos explorarem outras direções, além das costumeiras em suas carreiras tradicionais. Se bem que nem todos sabem fazer isso direito — o que não é o caso aqui.
É um álbum bom pra porra, mais do que os últimos do Korn. É coerente consigo mesmo sem nenhuma merda que faça perder tempo. Tem um certo tom religioso desértico por cima, o que trouxe um aspecto bastante místico à obra. Inclusive, bem que o Jonathan podia pôr um pouco da essência no próximo álbum do Korn, além de manter, caso ocorra, em seu próximo solo.
Black Labyrinth foi um suspiro mais do que bem-vindo, ainda mais em relação ao Korn, afinal os caras de Bakersfield estão na ativa há quase 30 anos; e Jonathan está um milhão de vezes melhor do que sempre foi. Parece que o tempo só fez bem a ele.
Agora, reforçando o que já falei, é esperar para ver se ele pretende lançar mais alguma coisa sozinho ou se irá manter as energias para o Korn. Independentemente de qual seja a escolha dele, em ambos, sairemos ganhando.
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