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Ouvindo Every Little Thing — Many Pieces

Foto do escritor: Marcos ViníciusMarcos Vinícius

Atualizado: 21 de mar. de 2023

Em 2003, duo lançava o perfeito Many Pieces

(imagem da internet)

Every Little Thing pode ser considerada uma das grandes bandas japonesas de todos os tempos. O feito que ela alcançou por terras nipônicas, desde o seu surgimento, no final de 96, foi de uma magnitude assombrosa.


E a banda, que começou sendo de synthrock, sempre teve enormes vendas, além de figurar nas paradas musicais com as canções mais tocadas.


O trio, à época, despontou com uma forte presença dos teclados (sintetizador, principalmente) em músicas cheias de energia e beleza; mais a divertida voz da sua vocalista, Kaori Mochida. E álbuns como Everlasting (1997), Time to Destinations (1998), Eternity (2000) e 4 Force (2001), foram enormes sucessos, elevando-os a um patamar estrondoso.


Porém, por que escolhi falar do quinto álbum, então? Pois bem, irei explicar.


Primeiramente, sem dúvidas, Every Little Thing é uma das minhas bandas favoritas. Top 5. Desde que comecei a ouvir j-songs, por volta de 2007, essa foi uma que sempre se destacou — entre várias. Seja pela doce voz da carismática Kaori ou pelas grandes composições que eles faziam, álbum após álbum. Independentemente de qual seja o motivo, continuam presentes em minha vida, por mais que o tempo passe.


A questão de eu dar destaque para Many Pieces, lançado em 2003, é que pode ser considerado o último grande álbum que o ELT lançaria, em todos os quesitos. Inclusive, ainda orbitando em torno da sonoridade original. De fato, esse trabalho já se direciona a um som mais cru e, de certa maneira, mais “calmo”, com uma participação do sintetizador mais “controlada”, sem utilizá-lo como o grande destaque.

Veja bem, quando eu digo uma participação do sintetizador mais “controlada”, não é que não esteja presente. O lance é que, comparado com os quatro primeiros álbuns, aqui está mais diluído. Aliás, bem mais diluído. Ainda há momentos em que ele vem forte e faz remeter a um passado recente da banda (de 1996 a 2001). Porém, o teclado assumiu uma estética mais harmoniosa, ambiental, onde se incorporou aos demais instrumentos com suavidade.


E pontuo, com bastante nostalgia, que, certamente, a voz da Kaori tenha alcançado o seu potencial máximo. Ela sempre teve uma voz, com eu já disse, doce, macia, porém, também, forte e alta; extremamente agradável de se ouvir. Contudo, aqui, ela pôde elevar ainda mais esses aspectos.


A evolução dela enquanto cantora é notória. Nos primeiros álbuns, por mais que ela já demonstrasse capacidade — ainda mais por ter começado bem nova, com apenas 18 anos —, ainda ressentia de mais técnica e, inevitavelmente, maturidade. Mas acredito que também se deva ao fato de as músicas serem mais voltadas aos fortes teclados de Mitsuru Igarashi, com Kaori sendo um complemento.

Em Many Pieces, ela assumiu, de fato, o protagonismo. A força com a qual ela conduz as músicas e expõe com maestria toda a capacidade que tem é impressionante. A voz dela é tão vívida, moleca e atraente. Simplesmente não há pontos negativos.


E, além disso, chega a ser difícil dizer qual a melhor música do álbum. Todas são excelentes. Flavor, Stray Cats, Ambivalent, Sasayaka Na Inori, Nostalgia, Tie - Dye, Grip, Ai No Uta, Unspeakable e Self Reliance, por exemplo, são alguns dos destaques que eu trago. E isso em um álbum com 14 canções! Aliás, 15, há uma escondida...


Como de costume, a banda traz músicas agitadas e outras mais intimistas, calmas. Entretanto, todas soam de maneira uniforme sem se perderem em seus propósitos. Milimétricamente trabalhadas, nenhuma é o famigerado “tapa buraco”.

São divertidas, brincalhonas, mas, ao mesmo tempo, melancólicas, solitárias. Kaori sabe bem o que está fazendo com voz dela. Ela tem total controle para onde quer ir e isso funciona durante o álbum inteiro.


As guitarras de Ichiro Ito também estão mais destacadas. Afinal, sem o teclado assumindo a linha de frente, sobrou mais espaço para ele. Apesar de terem deixado de lado o pouco do groove que exerciam, ainda assim, há músicas agitadas o suficiente para fazer qualquer um dançar.


Seguindo em frente


É interessante ver como os dois remanescentes, Kaori Mochida e Ichiro Ito, conseguiram progredir com a banda, após a saída do membro fundador, Mitsuru Igarashi (tecladista) em 2000. Para quem não sabe, Mitsuru foi quem criou a banda, por isso há a forte presença dos teclados no começo. Contudo, ele, por razões que desconheço, resolveu deixá-la (ele voltaria, anos depois, para trabalhar com os dois na produção de Change, álbum lançado em 2010).


Então, coube à Kaori e ao Ichiro assumirem os trabalhos e darem sequência com o projeto. E, disso, saíram obras que, talvez, se Mitsuru ainda estivesse, jamais teriam visto à luz do dia. E, logo, Many Pieces nunca viria a se tornar uma realidade.


Há certas coisas que, por pior que possam parecer, são boas.

Nos dias de hoje


Os dois estão em um hiato desde 2015, quando lançaram o último álbum de inéditas, Tabitai.


Infelizmente, pouco tempo após o lançamento de Many Pieces, Kaori teve problemas de saúde, que alterou severamente a voz dela, deixando-a mais meiga, porém, sem a mesma potência e alcance que tinha anteriormente.


Os álbuns que eles lançaram posteriormente são bem diferentes do início da banda. Mas Commonplace, (2004), Door (2008), Ordinary (2011) e Fun-Fare (2014) ainda mostram a qualidade que eles têm.


Bem, como mencionado, a banda está há mais de 5 anos sem lançar nada, mas espero que eles voltem à ativa logo, pois nunca ficaram tanto tempo assim, sem material novo.


Por fim, Kaori lançou um (outro) álbum solo, em 2019, chamado Ten to Ten — muito bom, aliás.


Um viva a todas as pequenas coisas, por mais que venham em muitos pedaços!


Many Pieces é uma maravilha, desde Jump até Free Walking. São músicas precisas, belas, alegres; simplesmente para se lembrar do tempo, da vida. Uma perfeição de obra. Contudo, não o considero a última obra indispensável da banda. Mas, sem a menor dúvida, é o mais fantástico trabalho dessa bela dupla.

Kaori Mochida (imagem arquivo pessoal)
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