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O sombrio atraente do Crosses

Foto do escritor: Marcos ViníciusMarcos Vinícius

Atualizado: 17 de fev. de 2021

A soturna banda que trouxe um vibrante universo a se explorar

Chuck Doom (a esquerda), Chino Moreno (no meio) e Shaun Lopez (a direita) (imagem da direita)

Crosses provém da união entre Chino Moreno (vocalista da influente banda Deftones), do guitarrista Shaun Lopez e do baixista Chuck Doom. E o que saiu disso foi um som, ora introspectivo, ora dançante, e ora os dois juntos! O que remete bastante à onda new wave (só que, neste caso, seria darkwave), mas com uma aura mais contemporânea. Junto a isso, a banda ainda trouxe um clima sombrio, muito sombrio. Algumas músicas são fúnebres (dançantes ou não) e passam um clima de filme de terror dos anos sessenta/setenta. Apesar não soar deprimente é como se uma vela iluminasse toda uma casa.


O que vemos é a execução de uma sonoridade bucólica, suave e, até mesmo, obscura. Chino, com o seu vocal distante dos gritos estridentes do Deftones, está mais melancólica. Passeia por camadas suaves, profundas. É interessante escutá-lo fora do Deftones. Lá, ele também trabalha assim, mas em outro contexto. No Crosses, a sua voz está mais etérea. Como se estivesse submerso no fluxo intocável dos sonhos.

Em meio a um som bastante idiossincrático, sinto que a banda trouxe um aspecto de religiosidade. Não digo em questões de letras, mas na sensação. Sempre que a ouço, tenho essa impressão. Penso em uma igreja vazia na quietude da noite, com uma luz fina iluminando-a. Há músicas mais movimentadas, onde me remete a era disco, por exemplo, de alguma maneira. Porém, as mais fantasmagóricas e calmas acrescentam esse caráter santifico (as três cruzes ajudam também, né?).

Capa do álbum de 2014 (imagem da internet)

Esteticamente, a banda passa um visual bem atemporal. Não digo em questões visuais (figurino), mas ao som mesmo. O som, por mais que tenha (e tem) influências, concentra essa característica. Porém, em alguns momentos, é difícil não ver uma certa pegada retro, ainda mais com os dois clipes que eles lançaram, The Epiloque e Bitches Brew, que são verdadeiras referências ao cinema do século passado. Com uma estética do Primeiro Cinema, parecem retirados de uma época já perdida no tempo. O preto e branco, junto a efeitos visuais clássicos, reforçam essa impressão. É incrível.

O álbum é extenso, tendo 16 músicas, e, apesar de boas, às vezes, elas soam repetitivas. Mas faz parte, ainda mais para um álbum de estreia (há dois EPs, mas, álbum, só um).


Recentemente, Chino deu a entender que poderá voltar a trabalhar na banda - isso ocorreu devido à pandemia. Como ele não fará turnê com o Deftones, que acabou de lançar um novo álbum, chamado OHMS, há esse tempo “sobrando”, por isso há chances de isso acontecer.


Contudo, para quem não sabe, Chino faz parte de mais duas bandas, além do Deftones e do Crosses. Team Sleep e Palms (falarei delas futuramente). Agora, resta esperar para ver qual delas ele irá dar atenção.


Particularmente, prefiro que seja o Crosses. Foi a banda que mais me atraiu das citadas (apesar do Team Sleep também ser muito boa).


Para quem escuta Deftones, mas não sabia que o Chino possuía outras bandas, tão distintas, talvez fique surpreso pela diferença que há (mais ainda com a principal). Se tiver disposição para ouvi-las, poderá conhecer outras vertentes desse exímio vocalista, que ainda soa original e único, mesmo com o passar dos anos. Quanto ao Crosses, que ainda possa lançar coisas novas, com qualidade e originalidade, como foi a sua apresentação ao mundo.


Atualizado: No final de 2020, Chino Moreno retomou o Crosses e lançou uma música nova, cover da banda Cause & Effect, chamada “The Beginning of the End”. Ouça abaixo!

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