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O retorno do Korn

Foto do escritor: Marcos ViníciusMarcos Vinícius

Atualizado: 16 de abr. de 2021

Ainda com um som pesado, The Nothing trouxe uma banda, tecnicamente, melhor, porém, com pouca criatividade

Banda adota um tom mais sombrio (imagem da internet)

Quando o Korn veio com a (ingrata) surpresa, chamada The Path of Totality (2011), pensei que a banda se tornaria mais uma (dentre as várias) que abdicaram de suas raízes e que se jogaram em um mundo bizarro, onde nada faz sentido. Não pelo fato de incorporar (e dar mais destaque) a música eletrônica. Eu gosto de música eletrônica. O problema é quando a banda perde a sua essência e a substitui com outras coisas. Se bem que o Korn já se esforçava desde See You On The Otherside (2005). Porém, todos os álbuns que precederam The Path of Totality, ainda mantinham um resquício do que É a banda. Enfim...


The Nothing foi lançado no final de 2019, e o que eu pude ver (com os olhos de um fã antigo) foi uma maior noção a respeito de o que fazer. Contudo, sem explorar a sua própria criatividade. E na mesma linha de The Serenity of Suffering, álbum anterior, lançado em 2016, o Korn não mudou tanto o som. Manteve o peso com um pouco de suavidade.


A bateria de Ray Luzier, de fato, incontestavelmente, elevou a qualidade da banda a outro patamar. A técnica que ele tem é inegável. Assim como o retorno de Head (guitarrista) trouxe mais direção ao instrumento. Para quem não sabe, ele saiu da banda, em 2004, e voltou em 2013. A sua presença deu um norte mais definido às guitarras, que haviam perdido muito com, apenas, o Munky nelas.

O baixo do Fieldy continua com uma pegada percussionista. É, realmente, uma caraterística marcante da banda. O groove está menos presente, mas ainda é possível senti-la.

E, o mais importante, temos um Jonathan Davis com os vocais mais amplos. É uma verdade que ele já não tem mais a mesma capacidade nos shows. Costuma começar as músicas bem, mas quando é necessário um ritmo mais veloz e puxado é visível que falta ar. O que é normal, afinal o cara beira os 50 anos. Porém, nas músicas de estúdio, a sua voz continua com uma ferocidade impressionante.


E como é recorrente na discografia da banda, as letras tratam de temas desagradáveis. Mas, aqui, por infelizes motivos, parece que toda a atenção estava voltada a depressão. A tragédia da vez, que impulsionou as letras desse álbum, foi a morte da esposa de Jonathan. Por isso que há tanta negridão neste trabalho da banda. As músicas não são nada agradáveis. Não me refiro a serem ruins e, sim, em relação à estética (e as letras) delas. São deprimentes, sombrias e, ao mesmo tempo, raivosas. Há uma brutalidade, um ódio, um desejo de expurgar todo o mal que há no corpo, na alma. Mas têm momentos onde parece haver uma aceitação dos infortúnios que há na vida.

Os vocais sussurrados, característicos de Jonathan, estão menos presentes. Mas isso já ocorre desde álbuns anteriores. O interessante é que ele resolveu dar mais alcance a sua própria profissão. Explorou mais outros vocais, mas manteve a sua melancolia. É notória a evolução que houve em sua técnica vocal, onde abrange muito mais agora. Isso é visível desde Serenity of Suffering.


Certos problemas


Porém, algo que me incomoda no Korn, já há bastante tempo, é que há certas músicas que parecem, apenas, preencher o álbum. São genéricas, comuns. Por um lado, temos as excelentes Cold, You’ll Never Find Me, Finally Free, e, no outro, nos depararmos com algumas sem inspiração. É uma constante na banda. Seguem uma estrutura repetida, como se fosse, unicamente, para dizer que fez. É claro que não é fácil fazer todas as músicas serem impressionantes, mas é uma meta a se buscar. Talvez, um álbum mais curto, com até 10 músicas, fosse uma saída.


Possibilidades


The Nothing mostrou ao mundo que a banda percursora do famigerado new metal, ainda, tem gás para queimar. Talvez, falte um pouco de ousadia, igual o seu irmão distante, Deftones, costuma fazer de maneira genial.


Não anseio que o Korn volte a “testar”, como fizera em See You On The Otherside, Untitled, The Paradigme Shift e o complicado The Path of Totality. Mas espero que busquem alguma inspiração que os façam relembrar, com uma roupagem contemporânea, o quão criativo são.


Contudo, The Nothing pôde nos mostrar que ainda há potencial a ser explorado, apesar da pouca inovação que houve. Acredito que basta um pouco mais de vontade aos caras, para, talvez, saírem de um suposto comodismo.


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